Sábado (18 de maio de 2012), ao ler o Jornal A Tarde, deparei-me com um texto do jornalista e membro da Academia de Letras da Bahia, JC Teixeira Gomes. No texto, ele abordava o abandono no qual um dos maiores espaços culturais do Brasil se encontra no momento - O Cine Teatro Jandaia - localizado aqui, na cidade de Salvador. Símbolo de uma época, hoje o Jandaia encontra-se totalmente entregue à própria sorte, sob risco de desabamento a qualquer momento.
Eu, como produtora cultural em formação, senti uma imensa sensibilização pelo texto e optei por escrever sobre o assunto aqui no blog. Já conhecia um pouco sobre o Cine Teatro, mas ainda assim pesquisei um pouco mais e digitalizei o texto do JC. Espero que compreendam a importância do Jandaia não apenas para a cultura soteropolitana, mas também para a cultura nacional; e torçam para que a história dessa joia arquitetônica (como o próprio JC o define) termine da forma mais feliz possível.
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O Cine Teatro Jandaia, inaugurado no ano de 1911, idealizado pelo comerciante João Oliveira,
um apaixonado por cinema, no início era um modesto galpão com teto de
zinco onde se projetava imagens. Após uma viagem pela Europa o
comerciante decidiu, depois de dois anos de reformas e ampliações,
reinaugurar o cinema (1931), sito à Av. J.J.Seabra, Baixa dos Sapateiros
- no mais moderno, sofisticado e completo espaço de lazer, não só da
cidade do Salvador, Bahia (Brasil), mais da América do Sul.
Quando
da reforma, oito casas vizinhas foram anexadas ao antigo galpão,
ficando o cine com uma área de 1.200 m2, e capacidade para 2.200
pessoas. Com 2.500 lâmpadas coloridas iluminando o interior, as
instalações de um dos primeiros arranha-céus da cidade ficaram de tirar o
fôlego. A Baixa dos Sapateiros era um movimentado centro comercial no
período.
Se
tornou num ponto de encontro da cidade e atraiu os mais renomados
artistas das décadas de 30 a 60, além das mais modernas películas
hollywoodianas, astros musicais e teatrais. Foi o primeiro cinema do
nordeste a adquirir aparelhos para a exibição de filmes sonoros.
Com
a expansão das empresas multinacionais de cinema na década de 60, e o
deslocamento do centro comercial de Salvador para outras regiões na
década de 70, o Cine-Teatro Jandaia começou a definhar. Em 1979, os
cinemas de Salvador foram comprados por grandes exibidores nacionais
sendo criadas cadeias de cinemas, monopolizando as exibições dos filmes
que passaram a ser exibidos em rede, mas o Jandaia resistiu e permaneceu
independente. Sobreviveu até os anos 90 exibindo filmes pornográficos e
de artes marciais de baixa qualidade. Em 1994 um projeto de
revitalização da Baixa dos Sapateiros proposto pela prefeitura incluía o
cinema como uma das suas prioridades, mas nada foi feito.
Hoje
o velho Cine Teatro Jandaia está fechado há mais de uma década com suas
instalações em ruínas correndo risco de desabamento. O prédio não está
localizado na área tombada pela Unesco em 1985 como patrimônio da
Humanidade e não tem uma arquitetura relevante, mesmo assim deveria ter
uma proposta de revitalização integrado ao projeto de restauração do
Centro Histórico, para se transformar num espaço cultural, quem sabe
para contar alguma história com muita sonoridade, afinal ele já foi um
marco da cultura Nacional.
Fonte: Arquitetando na Net
Texto Digitalizado: JC Teixeira Gomes